quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Quanto valem vidas?


BRUMADINHO:  UMA TRAGEDIA HUMANITARIA, JAMAIS UM ACIDENTE.









Por Paulo Souza, EXCLUSIVAMIDIA

 
Seguem repercussões sobre as 400 mortes e a tragédia socioambiental de Minas Gerais, diga-se e passagem, a segunda em três anos, com dramas irrecuperáveis por gerações. Isso no centro do país, sob os holofotes de todos, mídia, governos, bolsas de valores, acionistas, especialistas e grupos de controle e poder. As ações despencaram e depois investidores viram oportunidade, afinal quem manda de fato é o governo, a empresa está garantida.


Sim, garantida, mas não mais confiável, jamais a Vale voltará ser o que foi até agora. Responsável por duas tragédias seguidas e no centro do pais, o mundo não voltara a contar com a Vale e nem com confiança nas suas ações e compromissos. A Vale não pode garantir mais nada.

Simplesmente porque não está levando a sério o volume de perdas para si e suas comunidades com duas tragédias evitáveis, não fosse a falta de compromisso ambiental e social nas localidades onde se estabelece. Não se respeita nada e principalmente não se respeita as opiniões divergentes – onde repousa o melhor conhecimento para se fazer mais e melhor – quem critica quer comprar, já diz o sábio ditado popular. Daí as tragédias anunciadas virem as vias de fato.


E não será a última tragédia da Vale ou da mineração. Por mais que nos esforcemos, haverá outras e ainda mais mortes, talvez tragédias até maiores. Afinal a Vale paga bilhões em cfem para as localidades e essas localidades e seus governantes precisam e estão alinhados com toda e qualquer perversidade que for perpetrada contra suas populações – humanos, animais ou plantas, e com o meio ambiental social, político, econômico ou o escambau. Precisamos exportar, exportador é o que interessa e gran finale.

Mesmo assim me assusta a maneira tremendamente simplista e equivocada que as lideranças da localidades ocupadas pela Vale, tenham até aqui reagido. GT = GP, Grupos de Trabalho = Grupos de Protelação, geralmente são montados quando não se quer resolver ou não se sabe como resolver um grande e grave problema, são semelhantes das CPIs, não servem para nada. Logo veremos a famosa solução de trazer alguém de fora para resolver um problema local. Não se pode enfrentar a Vale.


Ocorre que a Vale nesse momento, para se manter como player global e com a sua imagem de 50 anos intocada precisa e deve ser afrontada. A Vale nesse momento precisa se abrir para a crítica e para a transformação, acidentes nesse nível de perdas revelam algo de podre numa estrutura que funcionou por muito tempo. Quantas barragens da Vale se romperam por aqui? Quantas barragens das demais mineradores se romperam? Tem algo mais grave acontecendo ali e precisa ser estudado, analisado, curado. A Vale precisa rever seus métodos, procedimentos, certificações, recursos. Precisa ser tudo revisto e renovado, não são acidentes pontuais, é sinal de perda de eficiência, de saúde corporal, de gestão madura. Age como uma empresa de aventureiros e principiantes ao permitir a perdas de tanto.

 Como CONSULTORIA DE MINERAÇÃO E SIDERURGIA, temos nove medidas que a Vale, para se manter visível e evitar maiores danos ao longo do tempo, à medida que ela continuar demonstrando que não sabe ou percebe o que está acontecendo consigo mesma, como tem demonstrado vivamente, precisa tomar para se manter no mercado e confiável. Essas nove medidas precisam ser tomadas nacionalmente, sendo a primeira delas a demissão do presidente da empresa, e de toda a diretoria diretamente responsável pelas minas e seus arredores. Isso é importante para a empresa, passar um recado firme para o mercado, a sociedade, seus clientes e fornecedores que não aceita erros e falhas que custem danos ambientais irreparáveis ou vidas humanas. Avisa todo seu corpo de colaboradores que tem ética e princípios de governança séria. Na verdade, se eu fosse governo, decretaria a prisão preventiva do presidente da Vale, por homicídio qualificado com agravante de chacina. Ele que se defendesse. Assim a Vale demonstra sua força que sabe usar tão bem para encantar compradores e rebater seus opositores e lideranças locais.

Seguida, estimular e delegar a cada localidade ações preventivas de desastres locais, mesmo que isso custasse milhões ou bilhões. As atitudes gerenciais da Vale vem deteriorando ao longo do tempo. Ações absurdas e desnecessárias como implantar um linhão de alta voltagem no centro de Parauapebas ou passar sua linha férrea dentro dos limites de uma cidade que cresce a dois dígitos ao ano, merece reflexões e preocupação com o descaso quanto ao evitável, a tragédias que não precisam ocorrer para se corrigir depois. Irresponsabilidade para economizar, imbecialidade, desprezo por vidas ou uma visão tosca e arrogante sobre o que é vida e respeito às populações locais onde estão e vivem seus colaboradores.  Com imenso poder nessas localidades imagina as tragédias futuras que ocorrerão na sua próxima fronteira de exploração, o faustoso estado do Pará? Suas novas minas gerais?

 
AUTORIDADES SIMPLISTAS E IGNORANTES
O império das relações, pressuposições, troca de favores, indicações e isolamento a que a convivência profissional e social estão submetidas nessa região, os grupos de extermínios, as forças policiais e do estado a mercê de latifundiários ou ignorância assumida, o poder político tomado pela corrupção e a protelação favorecem o ambiente do tudo ou nada. É esse o cenário das Minas do Carajas, Sossego, Serra Leste, Salobro e etc.  Minas isoladas dentro da floresta nacional de Carajás e outros parques, relações e interações ambientais jamais estudadas no planeta. Há denúncias de alterações genéticas junto ao lago da barragem do Gelado. Essa influência e confluência da ação da vale com o bioma e os ecossistemas das florestas do norte do pais são também um sério, surdo e preocupante desastre ambiental perpetrado pela empresa. Somente estudos de décadas para determinarem riscos ou ações de mitigação, porque a mineração gera empregos e renda e não podemos ou queremos interromper esse fluxo.
 
Dentre as nove ações e iniciativa, divididos em três eixos convergentes, escrevemos os capitulo de segurança na forma de iniciativas econômico-financeiras como solução de mitigação e prevenção, funcionando como salvaguardas aos riscos da mineração de selva.

Vamos escrever cinco artigos sobre esse tema, serão publicados a cada semana – nosso real proposito é participar dos debates e trabalhar efetivamente para a mineradora ou governos locais com a finalidade de se resolver o problema. Somos EXCLUSIVA. Somos ON DEMAND! 


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