Presidente
da Vale: tragédia de Brumadinho é mais humana que ambiental
Publicado
em 25/01/2019 - 22:00
Por Léo
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
O presidente da Vale, Fábio
Schvartsman, disse na noite de hoje (25) que o rompimento da barragem na Mina
Feijão, em Brumadinho (MG), terá um impacto mais humana do que ambiental.
Segundo ele, a maior parte das vítimas são funcionários da empresa. "Dessa
vez é uma tragédia humana. Estamos falando de uma quantidade provavelmente
grande de vítimas. Não sabemos quantas, mas sabemos que será um número
grande", disse.
A avaliação foi apresentada
durante coletiva de imprensa ao ser questionado se o episódio se equipara à
tragédia de Mariana (MG), ocorrida em novembro de 2005, quando se rompeu uma
barragem da Samarco, empresa da qual a Vale é uma das acionistas. Na ocasião,
19 pessoas morreram e centenas ficaram desalojados em decorrência da destruição
de comunidades. Considerada a maior tragédia ambiental do país, o episódio
provocou ainda devastação de florestas e poluição da bacia do Rio Doce.
No caso do rompimento em
Brumadinho, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou sete mortes e estima
que cerca de 200 pessoas estão desaparecidas. A Vale
não divulgou número de mortes. "Mas certamente haverão", disse
Schvartsman.
De outro lado, o presidente da
Vale avalia que o dano ambiental será menor em comparação com o ocorrido na
tragédia de Mariana. "Como a barragem era inativa, o material era
razoavelmente seco. E consequentemente, ele não tem poder de se deslocar por
longas regiões. A parte ambiental deve ser muito menor e a parte humana
terrível", reiterou. Segundo ele, o rejeito não irá além de onde ele está
nesse momento.
Schvartsman informou que haviam
cerca de 300 funcionários próprios e terceirizados na Mina Feijão quando houve
o rompimento. Parte deles estava em um refeitório, que foi soterrado, mas pelo
menos 100 foram localizados. O presidente da Vale não soube dizer com segurança
o que houve com o sistema de sirenes estruturado para avisar previamente a
ocorrência de acidentes. "É provável que elas tenham funcionado, mas a
velocidade com que isso ocorreu impediu que se tivesse qualquer
benefício".
A Vale organizou um gabinete de
crise com a participação de seus diretores. Schvartsman viaja ainda hoje para
Brumadinho. Segundo ele, não serão poupados esforços para atender as vítimas.
Assistentes sociais e psicólogos já estariam à disposição.
Vista aérea do local da Mina Feijão, da Vale, em
Brumadinho, onde houve rompimento de uma barragem de rejeitos - Reuters/Washington
Alves/Direitos Reservados
Barragem
O presidente da Vale disse ser
ainda cedo para entender o que aconteceu e
está dilacerado e surpreso com a tragédia. "Esta barragem estava inativa,
não recebia mais material. Há mais de três anos ela não opera e estava em
processo de descomissionamento [procedimento de eliminação de uma
infraestrutura depois de atingir a sua vida útil]".
Schvartsman disse que em, 26 de
setembro de 2018, a estabilidade da barragem na Mina Feijão foi atestada em
auditoria da empresa alemã Tüv Süd e que uma leitura dos monitores feita no
último dia 10 não mostrou irregularidades.
O presidente informou que o
rejeito era composto de sílica e que a capacidade da barragem era de 12 milhões
de metros cúbicos, mas ainda não há informação clara sobre o volume que vazou e
nem mesmo se a estrutura operava em seu limite. Segundo ele, o material vazado
alcançou uma segunda barragem que transbordou, mas não se rompeu. Para
comparação, na tragédia de Mariana, 39 milhões de metros cúbicos de rejeito se
dispersaram pelo meio ambiente.
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Edição: Fábio
Massalli
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