quarta-feira, 27 de julho de 2011

QUAL O PAPEL DOS EMPRESÁRIOS DE PARAUAPEBAS E DA VALE




Porque tantas empresas quebram aqui e perdem tanto dinheiro e prestigio, enquanto a VALE segue triunfante seu destino de maior disto, maior daquilo e La na vá? Vamos discutir aqui, parte do material do meu livro em andamento LOGISTICA EM CARAJAS: A GESTAO FINANCIADA COM RECURSOS DE TERCEIROS SEM CUSTOS. Neste material discutimos o que aprendemos em quase vinte anos na região, trabalhando com empreiteiras a beira da falência e vivenciando o que chamo de falsa riqueza.

As empreiteiras trabalham para VALE sem garantias de recebimento. O contrato de prestação de serviços dragoniano que a mineradora as faz assinar, não passaria pelo crivo da legislação brasileira ou ao departamento jurídico de qualquer empresa seria e compromissada com a qualidade de seus serviços e de seus caixas. 

As condições são terríveis e ilegais, carecem de estudo pelos nossos grandes pensadores de plantão. As cláusulas punitivas somente são aceitas pelos que não conhecem as condições do ambiente de mina e das relações azedas entre funcionários VALE e empreiteiras. E quanto maior, maior o tombo e desavenças. 

Falo como, por exemplo, ex-contador da ANDRADE GUTIERREZ e ex-consultor de gestão, coach da direção e contador da INTEGRAL CONSTRUÇÕES E COMERCIO, analista da FERNANDES MEIRA, HIDELMA e tantas outras empresas que aqui enterraram seus capitais e a perspectiva de andar  com a VALE. 
Todas, mas todas as empresas que aqui trabalham estão com problemas de recebimento, multas pesadas, perdas financeiras quase irreparáveis e insatisfeitas. Sem contar os pequenos, que se meteram a gigantes e cujos proprietários amargam dolorosas perdas. Serão todos incompetentes e apenas a VALE detentora de especiais conhecimentos de gestão? Não acreditamos. 

A vale tem sua política e diretrizes internacionais, portanto superiores e não estão dispostos a ouvir, andar noutra direção. Afinal seus donos, especuladores em Nova York e tal, não querem nem ouvir falar das diversas realidades locais. Quem se incomoda que nosso pais estejam degradando seu solo, matando florestas e árvores milenares, destruindo os bichos, muitos ainda desconhecidos pela humanidade e mesmo terras raras, outros minerais que se agregam a hematita irisada (67% de pureza), tais como o ouro, o urânio e outros metais e mesmo nas condições de exploração em ambiente de selva, que ainda não tem especialistas que podem afirmar com certeza afinal o que a Vale exporta deste ecossistema desconhecido e único no planeta.

Como pode alguém, um ser humano, alegar que dá melhor resultado econômico exportar minério que aço? O que exportamos com tanto orgulho para a China, para todo o mundo? Alguém sabe? A floresta, as flores, os bichos, as terras raras, os sítios arqueológicos, os outros metais consorciados, ou a utilização de explosivos, de produtos corrosivos e extremamente nocivos a saúde, a poluição de fundo, que espalha pela mata e cidades arredores, sem falar o ambiente social, do inferno de dor, doenças, fome, desespero, saudade...

Estamos bem assim. Combinado. O fim da Hidelma, da Alusa, da Maquipesa, da Oas, da Bioagro, KSM, e tantas outras empresas, ou a maioria dos empresários que vivem apertados e devendo INSS, FGTS, Impostos Federais, o sobe e desce da Integral e de tantas outras não geram reações nem esperança. Tudo deve continuar como era antes no quartel de Abrantes.Porque não há uma reação coordenada e lúcida para deter tamanha destruição? Não acredito que a ACIP seja este interlocutor. Não acredito que uma entidade natimorta  e comprometida consigo mesma como esta entidade tenha as competências para gerenciar crises e se meter apenas quando o incêndio já se propagou. Não adianta listar credores, receber da VALE recursos de quem trabalhou para pagar credores e funcionários. Ninguém vem aqui apenas para pagar fornecedores e empregados. No sistema de capital as empresas trabalham para crescer, pagar suas contas e lucrar.

O lucro é o que move o capitalismo e não vamos mudar este estado de coisas. Portanto acredito que a ACIP deva se abster do processo, na verdade ela ajuda a VALE a manter uma situação de crescente e eterno constrangimento para empresas e empresários que acreditaram e investiram aqui.  Ao listar credores a ACIP faz papel de cartório e/ou bancos. Porque não fez nada antes? Respondemos que, uma entidade onde alguém da VALE ou ela mesma tenha assento, não vai resolver uma situação que é cômoda para ela mesma.  Precisamos de uma entidade que sente com a VALE como interlocutora, não como companheira, mas oponente, porque os interesses são diferentes E EM DIVERSIFICADAS SITUAÇÕES, conflitantes. Estamos falando de uma entidade que congregue empreiteiras, administrada por empreiteiras e que possa em situação de crise, falar pelas empreiteiras, tendo a VALE do outro lado da mesa.  Queremos ter a VALE como cliente sim, afinal esta cidade não existe sem vale. Mas precisamos falar a linguagem da VALE, entender seu sistema de gestão, produção e jurídico. Rejeitar o ruim e aprovar o bom, o correto. Claro está para todos que a VALE precisa mudar.

Não pode continuar apenas ela tendo razão e todos, todos estarem errando quebrando, deixando de pagar suas contas, atrasando o desenvolvimento de Parauapebas. Acredito que a prefeitura, a câmara dos vereadores, os empresários locais ou outros grupos econômicos possam ajudar a transformar este estado de coisas, entrando com condições materiais ou mesmo criando uma lei municipal incentivadora aos fornecedores de serviços da VALE a apoiar esta entidade. Não discuto aqui aspectos jurídicos, carece de estudos legais para se levar a idéia adiante.

Mas os fornecedores poderiam se reunir numa associação ativa e interlocutora. Temos o projeto a 11 anos pronto para aplicação e funcionaria. Na posse do atual prefeito sugerimos a implantação da Secretaria de Mineração e Trabalho. Há meses atrás um grupo ligado a este prefeito nos procurou falando num plano para assumir a Secretaria de Desenvolvimento. Produzimos um paper sugerindo a implantação desta secretaria, de mineração e trabalho. Talvez fosse um embrião deste projeto, porque alguém ou alguma coisa precisa fazer algo para mudar esta situação.

Ok, não temos ilusões, dentro do nosso conhecimento, entendemos o caráter predatório das mineradoras. Mas não precisa ser assim.  Somos a sociedade civil do entorno e quando o minério acabar precisamos saber o que fazer de nossas vidas e da vida dos nossos. Nada é para sempre. Convidamos todos os empresários que almejam historia para nossa cidade a juntar-se ao nosso projeto de interlocução coordenada com a VALE. Precisa ajudar esta empresa a modernizar sua relação com as comunidades e seus fornecedores. Podemos fazer historia. Chance!

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