sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

SÍFILIS de volta!




Os jovens desencanaram da camisinha e agora estamos numa epidemia de sífilis
Escrito por Guilherme Rosa
31 October 2016 // 05:49 PM CET






No último mês, o Governo Federal admitiu o que médicos têm sugerido há tempos: o Brasil vive uma epidemia de sífilis. Assim como os números do desemprego no país, a taxa de infectados, disseram, não para de crescer. Entre as gestantes, um dos grupos de maior risco, ela subiu 202% desde 2010.

O Ministério da Saúde então resolveu agir. Iniciou há alguns dias uma campanha para avisar a população dos perigos da doença. O alerta, afirmam os responsáveis, é importante porque é preciso acabar com a desinformação e avisar os jovens brasileiros que não está dando muito certo esse negócio de não usar a camisinha.

Os dados mostram que os casos de sífilis vêm aumentando em todas as faixas da população brasileira ao longo dos últimos anos, mas explodiu entre 2014 e 2015. Entre os adultos, ela cresceu 32,7% nesse período, chegando a 65.878 casos no ano passado. Os casos de sífilis em gestantes subiram 20,9%, e a sífilis congênita, em bebês, cresceu 19%, chegando a 19.228 casos em 2015. Assim, de cada 1.000 nascidos vivos, 6,5 portavam a bactéria. 

O Brasil não é o único que anda sofrendo com a doença, mas é, sem dúvida, um dos principais afetados. “Essa epidemia acontece no mundo todo. A humanidade está passando por um aumento na transmissão de sífilis”, diz Ricardo Vasconcelos, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. “Mas no Brasil esse aumento é explosivo e atinge todos os grupos populacionais. Vemos isso no dia a dia nos nossos laboratórios.”

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode ser transmitida tanto por meio da relação sexual quanto da mãe para o filho durante a gestação. A longo prazo, pode provocar lesões ósseas, neurológicas e cardíacas, levando à cegueira, paraplegia, demência e morte. O pior acontece com os recém-nascidos contaminados durante a gravidez, que podem ter danos semelhantes aos do Zika. Sofrem com má-formação, surdez, deficiência mental. Muitas vezes a mãe pode até sofrer aborto espontâneo. 

“A penicilina é uma droga muito usada, mas que custa muito pouco, na faixa de centavos. Por isso os laboratórios não se interessam em produzir”

Segundo os cientistas, o principal motivo para a epidemia é que, nos últimos anos, os jovens deixaram de usar camisinha em suas relações sexuais. “Não é só a sífilis, mas todas as DSTs têm aumentado, como clamídia e gonorreia”, diz o infectologista. “Até mesmo o HIV, que parecia estacionado, voltou a crescer nos últimos três anos. Como a sífilis tem transmissão mais fácil, sua taxa explodiu.”

Nas últimas décadas, dizem os especialistas, o antigo preconceito contra a Aids começou a ser demolido. Ela já não é mais sinônimo de morte e os novos tratamentos permitem que os pacientes soropositivos vivam muitos anos portando o vírus. “Na década de 90, os jovens tinham pavor de pegar HIV. Aos seis anos de idade, já ganhavam o primeiro pacote de camisinha da mãe”, diz Vasconcelos. “Naquela época, era comum conhecer alguém que morreu com a doença. Essa geração perdeu até mesmo ídolos, como Freddie Mercury e Cazuza, por causa do vírus.” O que é uma ótima notícia se tornou um problema conforme as novas gerações foram deixando a camisinha de lado. “É justamente entre os meninos de 15 a 19 anos que hoje aumenta o número de HIV e outras DSTs”, afirma o infectologista.

O agravante, segundo os médicos, é que a geração que deixou de se proteger passou a ter uma facilidade inédita para fazer sexo sem compromisso. Se antes um jovem em busca de uma rapidinha precisava ir atrás de prostitutas ou até uma sauna, lugares mais ou menos controlados, hoje ele consegue isso do sofá de casa, pelo computador ou celular. “Essa tendência teve início nos anos 2000, com o bate-papo do UOL, mas se tornou mais forte com os aplicativos que existem hoje, como Tinder e Grindr”, diz Vasconcelos. “Não é que os aplicativos promovam o sexo sem camisinha. Mas um jovem que já não costuma se proteger tem uma facilidade muito maior de fazer sexo, e de se expor à doença.”
  Treponema pallidum, a bactéria causadora. Crédito: Eduardo Garcia Cruz/ Flickr

Para complicar ainda mais a situação, a sífilis é uma DST que pode ser transmitida pelo sexo oral. “Ou seja, mesmo quando a pessoa pensa estar fazendo sexo seguro, ela pode estar em risco se tirar a camisinha na hora do oral”, diz a infectologista Eliana Bicudo, da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Em meu consultório, recebo pacientes que estavam sendo tratados contra sapinho, mas descobriram que era sífilis. Toda vez que eles faziam sexo oral sem proteção, podiam estar transmitindo a bactéria.”

Outro fator que aumenta a transmissão da sífilis é que a infecção é quase silenciosa em seus primeiros momentos. Ela geralmente aparece como uma pequena ferida no pênis, na vagina ou no ânus, que não dói e não coça. “Muitas vezes a ferida surge e o paciente resolve procurar o médico. Mas ela começa a sumir e ele pensa que está se curando sozinho”, diz a infectologista. “Mas, na verdade, continua carregando a bactéria e, se não se tratar, pode estar infectando outras pessoas.”

Meses depois, começam a aparecer os sintomas secundários, que são manchas no corpo, principalmente, nas palmas das mãos e plantas dos pés. É nessa fase que os médicos costumam fazer a maioria dos diagnósticos. Mesmo assim, alguns pacientes confundem com alergias e não procuram o tratamento. Apenas anos depois é que os sintomas mais sérios aparecem. “Hoje em dia, temos visto um número cada vez maior de pacientes chegando aos consultórios nesse estágio, com lesões oculares ou em estado demencial”, diz Bicudo. “Até esses sintomas aparecerem, o indivíduo ficou anos transmitindo a doença.”

A solução, dizem os médicos, é que os próprios indivíduos assumam a responsabilidade pelo seu comportamento e passem a gerenciar sua vulnerabilidade à doença. “O ideal é que usem camisinha nas relações sexuais. Mas, se não usarem, mesmo no sexo oral, precisam fazer o teste”, diz Ricardo Vasconcelos. “A pessoa tem que aprender a avaliar seu próprio risco e, se perceber que está vulnerável à doença, deve fazer o teste periodicamente.”
A detecção da sífilis é feita por meio de testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as gestantes, os testes têm de ser feitos durante o pré-natal. “Muitas pessoas não querem fazer o exame, com medo de que dê positivo. Essas são as que mais precisam fazer o teste”, diz Vasconcelos. 

Prateleiras vazias
Depois do diagnóstico da doença, é a hora de começar o tratamento. Mas — para piorar uma situação que já seria alarmante —, o principal remédio contra a sífilis é a penicilina, que está em falta nas prateleiras desde 2014. Segundo os especialistas, isso acontece por causa do preço do remédio. Não porque ele esteja caro demais, mas justamente por ser muito barato. “A penicilina é uma droga muito usada, mas que custa muito pouco, na faixa de centavos. Por isso, os laboratórios não se interessam em produzir”, diz a infectologista Eliana Bicudo. “As indústrias vinham avisando que ia faltar o remédio, mas o governo não fez nada.”

A falta de penicilina aconteceu num momento grave, justamente quando o número de novos casos de sífilis disparava. “A outra opção de tratamento é um comprimido que precisa ser administrado ao longo de semanas, duas vezes por dia”, diz Bicudo. “Quando temos uma doença benigna em seu estágio inicial, com intervenção complicada, sabemos que o índice de tratamento cai. E os pacientes continuam transmitindo a bactéria.”
  Crédito: Wikimedia Commons

A falta do remédio é ainda mais grave para os bebês que adquiriram a doença durante a gestação. Nesse caso, o único tratamento recomendado é com a penicilina cristalina, que tem de ser aplicada de 4 em 4 horas e também está em falta.

Agora, com o reconhecimento da epidemia pelo governo, a situação deve começar a melhorar. “O Ministério assumiu o compromisso de erradicar a sífilis congênita, e não tem como fazer isso se não tiver penicilina. Ele já se comprometeu a importar o medicamento”, diz Bicudo. Isso, somado às campanhas de prevenção, que lembrem os jovens da importância de usarem camisinha, pode ajudar a diminuir o índice nos próximos anos. 

retirado do motherboard.vice
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sábado, 3 de dezembro de 2016

Na Amazônia mineral, uma cidade agoniza



Uma cidade agoniza
As cidades e a mineração

Insistimos em dezenas de posts, em análises e previsões de fim, de graves distorções e de grandes prejuízos e perdas para a sociedade, investidores e pioneiros de Parauapebas. Fomos solenemente ignorados e ainda agora, com a melhor expertise sobre Parauapebas, continuamos sendo ignorados. Nossos posts repercutem no mundo inteiro e aqui, até agora ninguém, nenhuma autoridade ou liderança buscou nos ouvir. Por que será? ACIP, CDL, VALE, Grandes empresários, lojas, hotéis? Lideranças políticas? Apenas o Unique Shopping nos procurou e com nosso estudo, deram o fora em tempo. Somos Exclusiva. Somos audaciosamente on demand. CONHECEMOS PARAUAPEBAS. CONHECEMOS O SUL/SUDESTE DO PARÁ. CONHECEMOS O ESTADO DO PARÁ. Temos análises, ideias, projetos e soluções locais.









 

Assistimos ao rito final de passagem da cidade de Parauapebas, de pujança econômica para a mendicância. Foram quase trinta anos de expressiva arrecadação do CFEM e muita desordem com esses recursos. Assistimos ao inchaço da cidade: de pouco mais de 60 mil pessoas em 1996 para quase 300 mil atualmente. Oportunidades de discutir e até implementar novos clusters foram perdidas e agora, tardiamente nos deparamos com o clássico, o que fazer? 

Aproxima-se da última pá a tal jazida para quatrocentos anos. Seria muito tempo, primeiro foram as indagações do The Washington Post e depois a saída cotidiana das pessoas que não tem mais o que fazer aqui.

A VALE acredita já que tentou algumas vezes e faltou justamente infraestrutura, que entendiam ser obrigação dos executivos eleitos. Primeiro, o distrito de suporte a mineração, segundo o distrito de formação mineral. Não vingaram, à compressão da mineradora por falta de empenho dos homens de Parauapebas.

Ocorre que as cidades onde se tem a exploração mineral, todas estão em situação falimentar. Estudos recentes demonstram que todas eles tem conceito baixo e zero em quesitos que suprem sua população de direitos básicos – e aqui falamos de esgoto sanitário, agua tratada, escola, mobilidade e saúde.

Passados quase trinta anos de expressiva exploração mineral Parauapebas padece de males aparentemente incuráveis e agora mesmo estamos à beira da falência total de todos os órgãos: não se trata apenas da queda do preço da commodity nas praças financeiras, os sucessivos recordes de exploração, preparação embarque continuam a serem batidos, falamos da péssima aplicação e das exigências para essa mesma aplicação desses vultosos recursos que nunca foram exigidos ou apresentados. Não foi diferente em Minas, Peru, China, não será diferente em nenhuma outra localidade, os homens são meros perfis.

Temos uma visão para a VALE e para a sociedade local nessa encruzilhada:  o que faremos agora que todos os recursos foram explorados e embarcados e fica no tempo todas as possibilidades do antes, do tentado, das escaramuças e tempo perdido. 

Temos uma visão que uma parceria com a VALE SERIA a melhor saída. Senão a única saída. Não carimbamos sequer possiblidade de resolver, de valorizar nossa experiência nesse tempo.

Primeiro, precisamos obter o aval, apoio e decidida participação da VALE na constituição de uma poupança conjunta, o Fundo de Manutenção Econômica, cuja constituição seria parte dos recursos VALE e parte de recursos da cidade, 

Segundo a atração para a cidade de empresas sustentáveis, onde pensamos um distrito de produtos renováveis tais como a indústria da energia solar, eólica, a agricultura familiar distribuída, a aquisição legal da produção local, a implantação da indústria turística de observação natural de selva, o museu do homem e diversas outras reposicionamentos econômicos e de visão renovadora e sustentável.

O lema seria reconstrução e renovação não mineral.

Porque com o desastre ocorrido nos últimos quatro anos em que assistimos a destruição ordenada de todos os parâmetros de civilidade, respeito ao ordenamento jurídico e crimes qualificados na gestão, ficamos definitivamente sem lideranças capazes de sequer entender o vácuo estabelecido. As pessoas estão de saída, anestesiadas e o restante já conformados. Andar pela antes vibrante, agora deserta Parauapebas, é um exercício de resignação e fé. O silencio impera.

domingo, 13 de novembro de 2016

Muitos crimes começam aqui







1. O que é a deep web?

O termo "deep web" ("web profunda") tornou-se um termo geral para se referir a todo um conjunto de sites e servidores de internet. Explicar o termo, portanto, não é mais tão simples.

Originalmente, a "deep web" eram os sites "invisíveis" - páginas que, por qualquer motivo, não apareciam em mecanismos de busca, especialmente no Google. Eram páginas que, para serem encontradas, necessitavam do uso de diversos mecanismos de busca em conjunto, além de ferramentas adicionais e ferramentas de pesquisa individuais de cada site.

O termo se popularizou com uma definição mais compacta para se referir aos sites que necessitam do uso de programas específicos para serem acessados. O mais popular entre eles é o Tor, mas existem outros softwares, como Freenet e I2P. O emprego do termo "deep web" é incorreto neste contexto - o termo certo seria "dark web" (web escura).

Porém, como esses sites precisavam de ferramentas especiais para serem acessados, eles não apareciam em mecanismos de pesquisa e, assim, as duas definições não eram incompatíveis. No entanto, com o passar do tempo, parte desses sites de acesso exclusivo via Tor foi disponibilizada (via "pontes de acesso") na web normal - que não necessita de software especial. Com isso, o conteúdo que antes era dessa web "inacessível" foi parar até mesmo no Google. Acessar esse conteúdo, portanto, é tão fácil quanto acessar qualquer outro site.

É muito difícil saber com certeza se o termo deep web está sendo usado para se referir a um canal de acesso via Tor ou a páginas e serviços de acesso realmente limitado e restrito, independentemente da tecnologia.



 
2. Qual a diferença entre deep web e dark web?
Com base nas definições mais puras, um site da "deep web" não tem seu conteúdo disponibilizado em mecanismos de pesquisa e, portanto, não pode ser encontrado, exceto caso por quem conhece o endereço do site.


A "dark web" consiste dos sites que existem primariamente em redes anônimas e que necessitam de programas especiais. O Facebook, por exemplo, tem uma versão de seu serviço na dark web. No entanto, o meio de acesso principal não é este. Mas há outros sites que existem exclusivamente nessa dark web e não podem ser acessados sem o uso de programas como Tor, I2P e Freenet.


3. Que tipo de conteúdo há na deep web?
Como a "deep web" se refere a qualquer conteúdo fora dos mecanismos de pesquisa, a definição é bastante ampla. Existe muito conteúdo legítimo disponível na web e que nem sempre pode ser encontrado com uma pesquisa em mecanismos de pesquisa geral. Um exemplo disso são decisões judiciais, que muitas vezes exigem pesquisas diretas nos tribunais onde tramitaram.


A deep web também pode consistir de sites com conteúdo pessoal, páginas cujos donos decidiram não incluir em mecanismos de pesquisa por qualquer motivo, páginas que nunca receberam links de outros sites (porque só foram compartilhadas por e-mail, por exemplo) e também espaços para a troca de conteúdo ilícito, como pirataria. Como esses sites muitas vezes fornecem arquivos grandes para download, não é sempre prático manter esse conteúdo na "dark web", onde as velocidades costumam ser menores.


4. Que tipo de conteúdo há na dark web?
A dark web, por fornecer mecanismos de anonimato, é atraente para ativistas políticos, hacktivistas e criminosos virtuais, além pessoas que buscam compartilhar conteúdo que foi censurado. Com ações policiais que derrubaram sites de abuso sexual infantil da web comum, parte desse conteúdo também passou a ser disponibilizado pela dark web.


A dark web também é notória por oferecer lojas virtuais de mercadorias proibidas ou de difícil acesso, inclusive drogas (lícitas e ilícitas) e armas.

Como a dark web também serve como meio anônimo para acesso à web comum, ela pode ser usada para burlar bloqueios de rede (como os que existem na China). Em outras palavras, nem todo mundo que utiliza a tecnologia da dark web pode estar interessado nos conteúdos que estão presentes nela, mas sim no anonimato que ela fornece para o acesso a qualquer conteúdo.


5. Por que alguns sites ficam fora dos mecanismos de busca?
Os mecanismos de busca, como o Google, precisam, em primeiro lugar, encontrar um site. Isso normalmente ocorre com links. Quando uma página que o Google já conhece coloca um "link" para outra página, o Google segue esse link e passa a incluir essa página em sua busca (um processo chamado de "indexação").

Porém, mesmo que haja um link para a página, ela pode ainda bloquear mecanismos de pesquisa. Isso pode ser feito via rede (bloqueando os endereços IP da rede dos mecanismos de pesquisa) ou utilizando mecanismos oferecidos pelos próprios sites de busca que permitem a um site indicar qual conteúdo pode ser indexado. Um site pode facilmente determinar que a indexação de suas páginas é proibida e, nesse caso, elas não aparecerão nos mecanismos de busca mais comuns, que honram essas configurações.

Alguns conteúdos exigem buscas específicas. As decisões Judiciais, por exemplo, só podem ser encontradas por alguém que sabe um número de processo ou a OAB de um advogado para pesquisar nos sites dos tribunais. Os mecanismos de pesquisa não têm essas informações e não "sabem" preencher o formulário. Por isso, esse conteúdo tende a ficar fora do alcance.

Certos conteúdos também não podem ser indexados por causa do formato em que estão armazenados. Um conteúdo pode existir na web como um arquivo de áudio ou vídeo que o mecanismo de busca não consegue transcrever para texto. Nesse caso, o conteúdo também não vai ser encontrado, a não ser que você saiba especificamente o nome do arquivo ou título do arquivo multimídia.

6. Por que a dark web necessita de programas específicos?
A internet só funciona graças a um grande acordo que existe na web: todos os sites, navegadores e sistemas operacionais "falam" um conjunto de "línguas" em comum. Esses são os "protocolos de rede".

A dark web estabelece uma camada de protocolo nova que o computador não conhece. E, com isso, automaticamente esses sites se tornam incomunicáveis.

O objetivo dessa camada adicional é normalmente a garantia do anonimato dos usuários. Os detalhes técnicos variam em cada protocolo, mas a maioria estabelece uma série de intermediários em cada conexão. Certos participantes da rede (que podem ser todos ou só alguns) tornam-se intermediários das conexões dos demais usuários e, com isso, qualquer visita ou acesso fica em nome desses usuários e não em nome do verdadeiro internauta.

7. É possível quebrar o anonimato da dark web?
De modo geral, sim. Mas as técnicas exigem certos recursos tecnológicos avançados e, às vezes, um pouco de sorte.

Uma delas é conseguir controlar um grande número de sistemas intermediários na rede. Se o número de sistemas controlados for grande o bastante, o interessado pode conseguir fazer alguma ligação entre o usuário e o conteúdo acessado. Essa é uma operação de médio prazo, já que é preciso monitorar os acessos por um bom tempo até que as ligações possam ser feitas sem depender da sorte.

Outro meio, que vem sendo bastante empregado pelo FBI, é a instalação de programas espiões. A autoridade policial faz isso após conseguir uma autorização da justiça para tomar o controle de um serviço disponibilizado na rede anônima (a identificação deste depende de outros métodos, como o mencionado acima ou então cooperação de um delator). Uma vez podendo controlar o site, um código especial é colocado na página para tentar contaminar os usuários com vírus e relatar as informações ao FBI. Isso, no entanto, depende de vulnerabilidades no software do possível investigado, o que nem sempre pode ser fácil de explorar.

Essa técnica foi utilizada em um site com imagens de pornografia infantil, por exemplo. O FBI foi criticado por temporariamente ter mantido o site no ar em vez de retirá-lo imediatamente, mas a Justiça americana entendeu que a medida foi necessária para colher mais informações sobre os visitantes da página.

Imagens: Thinkstock e Tor (Reprodução)