domingo, 17 de julho de 2016

Moore, leis e avanços na computação




O fim da Lei de Moore pode ser uma coisa boa para nós
Escrito por Allasdair Allan
13 July 2016 // 03:31 PM CET





8 bytes de dados em comparação com 8 gigabytes de dados. Crédito: Daniel Sancho/Flickr


Nossa sociedade se acostumou tanto com o fato de que a cada ano a tecnologia fica mais rápida e um pouquinho mais barata que transformamos essa tendência em lei. No entanto, os grandes fabricantes cohicham pelos bastidores que a Lei de Moore — que em teoria acabará em dez anos — não está mais em vias de morrer, mas sim praticamente enterrada. Na verdade, a indústria já começou a divulgar essa informação, ainda que cuidadosamente, para o público. Embora não temos expectativa de que a computação se tornará mais rápida, isso não terá tanta importância quanto hoje imaginamos. Em outras palavras, chegamos ao ponto em que nosso poder de computação já é "grande o suficiente".

Do ponto de vista tecnológico, os últimos cinquenta anos foram excepcionais. Deu a muitos de nós uma falsa impressão acerca do funcionamento do mundo: a de progresso dinâmico e infindável. Grande parte da história humana é estática; todo progresso é lento. Ao contrário do que acontece atualmente, durante a maior parte da história nossos filhos cresceriam com tecnologias muito semelhantes às ferramentas de nossa própria infância.

A última geração de chips não é muito melhor do que a anterior, e o ritmo do avanço tecnológico está diminuindo drasticamente. No que diz respeito à computação, é possível afirmar que estamos nos aproximando de uma base tecnológica madura. É possível que nossos filhos cresçam com computadores não muito mais rápidos do que os que usamos hoje — mas isso não significa que a computação deixará dei passar por mudanças.

Como muitos dos avanços tecnológicos do último século, a indústria da informática nasceu e cresceu à sombra da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Tal como os baby boomers, o smartphone é um filho crescido dos anos pós-guerra. Entretanto, Chris Anderson, co-fundador e CEO da 3DR, defendeu recentemente que muitas das ferramentas e tecnologias das quais usufruímos hoje são um resultado pacífico de outra guerra — a guerra dos smartphones. Em suas palavras, "quando gigantes guerreiam, todos saem ganhando".

Quando olhamos ao redor, esse dividendo tecnológico se torna muito óbvio. Ferramentas como acelerômetros, giroscópios e até mesmo câmeras são, hoje, ridiculamente baratas e acessíveis. A onipresença do processador ARM, utilizado em praticamente todos os smartphones, tem diminuído drasticamente o preço de toda sorte de tecnologia.

Computação competente pode ser comprada com apenas alguns dólares. Transceptores e receptores com wi-fi nativo podem ser comprados por menos de dois dólares, enquanto um computador de placa única pode ser comprado por alguns dólares a mais. Cinquenta anos após a criação da Lei de Moore, estamos chegando em um nível em que a computação não é apenas barata — ela é, para todos os efeitos, gratuita.

Conforme a tecnologia evolui, ela tende a se tornar mais barata e acessível. Embora não tenhamos expectativa de que a computação se tornará mais rápida, isso não terá tanta importância quanto imaginamos. É provável que vejamos, nas próximas décadas, o surgimento de uma computação de propósito geral, com sensores e redes sem fio instaladas em drones milimétricos que flutuarão nas correntes de ar que nos cercam. A poeira ao nosso redor se tornará inteligente, mas não necessariamente mais rápida.

A beleza de uma base tecnológica madura é que nós poderemos finalmente fazer um balanço das inovações criadas nos últimos cinquenta anos e aprender a usá-las com sabedoria. A beleza da computação competente – boa e barata – é que ela pode ser usada de maneiras que a computação especializada não pode. A computação barata e competente possibilitará uma séries de usos nunca antes testados. Afinal, se seu computador é barato o suficiente para ser jogado fora, o que poderemos fazer amanhã que não podíamos ontem?

Tradução: Ananda Pieratti
http://motherboard.vice.com/pt_br/read/o-fim-da-lei-de-moore-pode-ser-bom


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