O fim da
Lei de Moore pode ser uma coisa boa para nós
Escrito por Allasdair Allan
13 July 2016 // 03:31 PM CET
Nossa sociedade se acostumou
tanto com o fato de que a cada ano a tecnologia fica mais rápida e um pouquinho
mais barata que transformamos essa tendência em lei. No entanto, os grandes fabricantes cohicham
pelos bastidores que a Lei de Moore — que em teoria acabará em dez anos — não está mais em vias de morrer,
mas sim praticamente enterrada. Na verdade, a indústria já começou a divulgar
essa informação, ainda que cuidadosamente, para o público. Embora não temos expectativa de
que a computação se tornará mais rápida, isso não terá tanta importância quanto
hoje imaginamos. Em outras palavras, chegamos ao ponto em que nosso poder de
computação já é "grande o suficiente".
Do ponto de vista tecnológico, os
últimos cinquenta anos foram excepcionais. Deu a muitos de nós uma falsa
impressão acerca do funcionamento do mundo: a de progresso dinâmico e
infindável. Grande parte da história humana é estática; todo progresso é lento.
Ao contrário do que acontece atualmente, durante a maior parte da história
nossos filhos cresceriam com tecnologias muito semelhantes às ferramentas de
nossa própria infância.
A última geração de chips não é muito melhor do que a anterior, e o ritmo
do avanço tecnológico está diminuindo drasticamente. No que diz respeito à
computação, é possível afirmar que estamos nos aproximando de uma base
tecnológica madura. É possível que nossos filhos cresçam com computadores não
muito mais rápidos do que os que usamos hoje — mas isso não significa que a
computação deixará dei passar por mudanças.
Como muitos dos avanços
tecnológicos do último século, a indústria da informática nasceu e cresceu à
sombra da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Tal como os baby boomers,
o smartphone é um filho crescido dos anos pós-guerra. Entretanto, Chris
Anderson, co-fundador e CEO da 3DR, defendeu recentemente que muitas das
ferramentas e tecnologias das quais usufruímos hoje são um resultado pacífico
de outra guerra — a guerra dos smartphones. Em suas palavras, "quando
gigantes guerreiam, todos saem ganhando".
Quando olhamos ao redor, esse
dividendo tecnológico se torna muito óbvio. Ferramentas como acelerômetros,
giroscópios e até mesmo câmeras são, hoje, ridiculamente baratas e acessíveis.
A onipresença do processador ARM, utilizado em praticamente todos os
smartphones, tem diminuído drasticamente o preço de toda sorte de tecnologia.
Computação competente pode ser
comprada com apenas alguns dólares. Transceptores e receptores com wi-fi nativo
podem ser comprados por menos de dois dólares, enquanto um computador de
placa única pode ser comprado por alguns
dólares a mais. Cinquenta anos após a criação da Lei de Moore,
estamos chegando em um nível em que a computação não é apenas barata — ela é,
para todos os efeitos, gratuita.
Conforme a tecnologia evolui, ela
tende a se tornar mais barata e acessível. Embora não tenhamos expectativa de
que a computação se tornará mais rápida, isso não terá tanta importância quanto
imaginamos. É provável que vejamos, nas próximas décadas, o surgimento de uma
computação de propósito geral, com sensores e redes sem fio instaladas em
drones milimétricos que flutuarão nas correntes de ar que nos cercam. A poeira
ao nosso redor se
tornará inteligente, mas não necessariamente mais rápida.
A beleza de uma base tecnológica
madura é que nós poderemos finalmente fazer um balanço das inovações criadas
nos últimos cinquenta anos e aprender a usá-las com sabedoria. A beleza da
computação competente – boa e barata – é que ela pode ser usada de maneiras que
a computação especializada não pode. A computação barata e competente
possibilitará uma séries de usos nunca antes testados. Afinal, se seu
computador é barato o suficiente para ser jogado fora, o que poderemos fazer
amanhã que não podíamos ontem?
Tradução:
Ananda Pieratti
http://motherboard.vice.com/pt_br/read/o-fim-da-lei-de-moore-pode-ser-bom
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