Porque calamos diante da opressão e do abandono? Qual futuro nos
aguarda? A desolação do fim?
INTRODUÇÃO
E REFLEXAO IMPORTANTE
Gente,
este material não foi escrito por nós. É replicado do incrível, maravilhoso,
serio e conseqüente blog (jornalistagramatiqueiro.blogspot.com).
mas é o que falamos aqui nestes anos todos, onde pretendemos estar gerando
conteúdo na rede. Esta publicação abre discurso para entendermos porque
Parauapebas é assim, onde falta tudo. E também, entendermos porque estamos
sendo saqueados nestes anos todos, por esta política mineral que ninguém
entende e por estes políticos que nestes 25 anos apenas fizeram seu pé-de-meia.
É para ler e preocupar, despertar para um possível debate. Não somos contra a
VALE, é nossa razão aqui. Podemos e queremos melhorar o dialogo, incluí-la
na esperança por uma cidade melhor.
DESPERTAR
PARA AS RAZÕES DA USINA ATRAS DO MORRO.
O
"lixo" brasileiro que vai embolado com o minério de ferro é reciclado
lá fora e volta altamente sofisticado e custando o olho da cara. Até os
chineses estão fazendo uso dessa técnica e garimpando o restinho de estéril e o
inútil para fabricar seus produtos de qualidade duvidosa, mas com forte apelo
no mercado internacional. Ao município de Parauapebas, só resta assinar
embaixo o atestado de que está sendo passado para trás.
Em 24 horas, o trem leva minério de ferro das minas
de Carajás suficiente para encher um Maracanã. Ele é o mesmo que traz a
Parauapebas esperança de mudança de vida e as mazelas que são verificadas no
segundo mais rico município do Pará
É aí
nesse prédio, o InterContinental, no Centro de Xangai, capital financeira da
China e segunda cidade mais populosa do mundo, que a vida econômica de
Parauapebas é decidida. A China compra sozinha metade do ferro extraído na
"Capital do Minério". Tudo acontece a 20 mil quilômetros dos maiores
interessados, do outro lado do mundo.
GOLPE DO BAÚ
Parauapebas não
ganha o suficiente pelo minério extraído do município.
A semana começa com números que orgulham a economia brasileira e de Parauapebas. Entre janeiro e abril, o município exportou US$ 2.905.261.215,10, importou US$ 96.112.584,05, ficou com saldo de US$ 3.001.373.799,05 e tem se consolidado como o maior exportador nacional e o maior superavitário da balança comercial do país. Parauapebas bate a cidade de São Paulo, coração financeiro nacional, em US$ 57.930.277,23 nas exportações, e enquanto regozija por dinheiro de sobra na balança, a capital paulista amarga déficit de US$ 1.617.906.534,22. Se serve de consolo, entre todos os 2.224 municípios exportadores, São Paulo é – apesar do saldo negativo na balança justificado por ser o maior importador nacional – o primeiro colocado em transações comerciais. Parauapebas é o oitavo. Por aqui, os valores são gigantes para um município de apenas 172.689 habitantes e 49.788 empregos formais, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego para abril deste ano. A propósito, são poucos que produzem esses bilhões de dólares de Parauapebas. Dos quase 50 mil trabalhadores formais do município, só 13 mil, atualmente, extraem os minérios de ferro e manganês, as chamadas commodities que a mineradora Vale negocia lá fora.
A PORTAS FECHADAS
Avenida Graça
Aranha, número 26, Centro da cidade do Rio de Janeiro. Grave bem esse endereço.
Aí, num imponente edifício, a mineradora Vale mantém sua sede global e controla
a vida econômica de Parauapebas, que é sua colônia de exploração e está a 2.695
quilômetros.
Tome nota deste outro: Edifício InterContinental Business Center, 50F, Zona de Yu Tong Road, Xangai, China. É lá, a 18.267 quilômetros da sede global e a 22 horas e meia de voo, onde brasileiros e chineses tomam chá, dão risadas, articulam, fazem concessões, traçam planos para Parauapebas, assinam contratos de longo prazo, apertam as mãos e fecham negócios. Não há lisura no processo. O luxuoso arranha-céu InterContinental, onde funciona o escritório da Vale na China, é responsável por despejar as maletas de dólares que partem do Oriente rumo ao Novo Mundo.
Todos os
dólares metamorfizados a partir dos minérios de Parauapebas são negociados a portas
fechadas. A China, desde o início da década de 2000, oferece tapete vermelho e
sala com vidros de cristal à Vale para tudo fluir bem no submundo das operações
com os minérios parauapebenses. Prefeito, vereadores e cidadãos do município
jamais seriam convidados a acompanhar o escambo, e esse tipo de situação até
arrepios causa à mineradora, para quem a presença de "estranhos" – e
maiores interessados – a seus negócios seria uma atitude constrangedora.
A
China tem pressa e é a mais gulosa pelo ferro de Parauapebas, que lhe apraz com
66% de hematita, o melhor teor "in natura" do planeta. Ela, sozinha,
fechou com a Vale US$ 1.445.765.374,11 em negócios, entre janeiro e abril deste
ano. Isso quer dizer que, de cada dois dólares que entram no Brasil oriundos
das vendas dos minérios de Parauapebas, um foi pago por chineses. Nem mesmo a
língua enrolada, devido ao mandarim, é suficiente para deter uma transação
financeira pomposa, a qual ampliou de 47,04% em 2012 para 49,76% este ano.
Mas há
muito mais gente afoita pelos minérios de Parauapebas. A fila é grande: tem japonês,
tem francês, tem sul-coreano, tem alemão, tem italiano, tem holandês, tem taiwanês.
Tem gente até de Omã, no Oriente Médio. Os Estados Unidos ficam praticamente no
rabo da fila – 19º lugar entre 22 interessados – e este ano só valorizaram os
minérios daqui com US$ 3.237.420,04 – uma mixaria para um país que, um dia,
quis tudo sozinho.
NOS BASTIDORES
Na
natureza, o ferro esconde-se no meio de um monte de terra e de outros minérios
“sem valor” econômico (chamados estéril). Mas não é tão sem valor assim.
Acontece que no complexo de Carajás, o mesmo de onde a Vale extrai os valiosos
ferro e manganês, são encontrados também alumínio, cobre, níquel, zinco, cromo,
titânio, fosfato, ouro, prata, platina, paládio, ródio, estanho, tungstênio,
nióbio, tântalo, zircônio, terras-raras, urânio e diamante. Alguns desses bens
minerais permanecem em quantidades ainda desconhecidas, já que não são o foco
da mineradora e, portanto, não se faz necessário, em tese, gastar dinheiro com
pesquisas de prospecção para dimensionar sua abundância e quantidade.
A própria Vale, em seu livro "Nossa História 2012", admite haver essa mina de preciosidades quando afirma: "Em Carajás – e isso continua a ser descoberto no decorrer dos anos –, essa concentração e essa variedade de depósitos minerais se dá em níveis jamais imaginados. Coisa de quem, como definiu o primeiro-ministro chinês, 'agradou os deuses'".
Os principais órgãos de pesquisa mineral do país, como o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) também já apontaram haver um verdadeiro tesouro na região enterrado pela mãe natureza.
Por outro lado, quando o ferro é vendido ao exterior, por exemplo, não raro alguns desses "sem valor" vão junto. Mas a Vale – e o próprio município de Parauapebas, que recebe Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) – só lucra pelo minério de ferro que vende. Puro e seco. A mineradora não quer saber dos restinhos de outros minérios paraenses que saem infiltrados navios afora. Para ela, se houver no pacote, são insignificantes.
Para Parauapebas, na prática, é uma fortuna que vem sendo perdida em royalties desde 1985, quando a primeira viagem de trem cruzando os 892 quilômetros de floresta e clareira levou o minério de ferro até São Luís para embarcá-lo ao mundo.
PERDEMOS
NÓS
O que, para os brasileiros, é algo insignificante, em países de tecnologia de ponta, como Japão e Alemanha, é uma mão na roda. Os restinhos de ouro, prata, zinco, alumínio, cromo, estanho, tungstênio, nióbio, urânio, entre outros, tornam-se componentes para sofisticados celulares, tablets, smartphones, notebooks, carros, aviões, equipamentos médicos e até bomba atômica.
O que, para os brasileiros, é algo insignificante, em países de tecnologia de ponta, como Japão e Alemanha, é uma mão na roda. Os restinhos de ouro, prata, zinco, alumínio, cromo, estanho, tungstênio, nióbio, urânio, entre outros, tornam-se componentes para sofisticados celulares, tablets, smartphones, notebooks, carros, aviões, equipamentos médicos e até bomba atômica.
O
"lixo" brasileiro que vai embolado com o minério de ferro é reciclado
lá fora e volta altamente sofisticado e custando o olho da cara. Até os
chineses estão fazendo uso dessa técnica e garimpando o restinho de estéril e o
inútil para fabricar seus produtos de qualidade duvidosa, mas com forte apelo
no mercado internacional. Ao município de Parauapebas, só resta assinar
embaixo o atestado de que está sendo passado para trás.
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