A NASA
está testando equipamentos de detecção de vida alienígena no Atacama
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29
February 2016 // 09:40 PM CET
Com seu clima seco e altitude
elevada, o deserto do Atacama, no Chile, é um dos melhores locais da Terra para
observar as estrelas. Não à toa, a região abrigará, em breve, o maior
telescópio do mundo. O equipamento, dizem os cientistas, será capaz de detectar
sinais de vida na atmosfera
de outros planetas.
Mas não é apenas o céu do Atacama
que revolucionará a busca por vida extraterrestre — o solo da região também.
Conhecido como o lugar mais seco do mundo e
alvo de níveis incríveis de radiação ultravioleta, o deserto é o mais próximo
que podemos chegar de Marte sem de fato ir até o Planeta Vermelho.
Por esse motivo, a NASA tem organizado expedições
ao deserto a fim de testar os novos instrumentos de detecção de vida que serão
utilizados nas futuras missões em Marte. O último desses projetos — o Atacama
Rover Astrobiology Drilling Studies (mais conhecido como ARADS) — acabou de
encerrar sua primeira missão na Estação de Yungay, onde as condições climáticas
são muito semelhantes as de Marte.
Para compreender as particularidades
do equipamento de detecção de vida da NASA, a equipe ARADS passou um mês
desbravando a região seca e inóspita. Durante a estadia, pesquisadores fizeram
testes com um protótipo de broca semelhante ao que será usado em Marte,um
Detector de Sinais de Vida (SOLID, na sigla original) criado na Espanha e um
modelo do Laboratório de Química Líquida (WCL) incluso na sonda Phoenix, que
pousou na superfície de Marte em 2008.
Pesquisadores da equipe ARADS examinam amostras do
solo retiradas de uma escavação científica de 2m². Crédito: NASA
“Testar equipamentos de detecção
de vida em um ambiente análogo a Marte nos ajudará a pensar em novas formas de
detectar a existência, atual ou passada, de vida em Marte", disse Brian
Glass, pesquisador-chefe do projeto ARADS, em um comunicado oficial da NASA.
“O acesso ao subsolo e a
otimização da mobilidade na superfície irão aumentar o número de biomarcadores
e de áreas analisados no Atacama".
Durante a viagem, a equipe
analisou três áreas: Yungay, Salar Grande e Maria Elena. A região de Yungay tem
sido foco de estudos astrobiológicos há mais de uma década graças às suas
condições incrivelmente hostis. Em 2003, pesquisadores utilizaram os mesmos detectores de vida acoplados
às sondas VIKING, lançadas em 1975, e descobriram a mesma quantidade de
material biológico encontrado pelos detectores originais no solo marciano —
zero. Considerando que mesmo as regiões mais inóspitas da
Antártica possuem micróbios extremófilos, a esterilidade total de Yungay faz
dessa região uma área importantíssima para a astrobiologia.
Salar Grande, por sua vez, é uma
planície de sal reluzente, enquanto Maria Elena, a terceira região estudada, é ainda mais seca e inóspita
que Yungay. Está claro que a equipe ARADS possui ao seu dispor uma série de
locais extraordinários para testar seus equipamentos caça-marcianos.
Os pesquisadores visitarão o
Atacama ao longo dos próximos quatro anos para testar brocas, kits de detecção
e sondas. Além disso, eles têm como objetivo aperfeiçoar o processo de
localização de organismos extremófilos e o procesos de distinção entre fatores
bióticos e abióticos.
Depois, claro, as futuras versões
desses equipamentos desbravarão os desertos de Marte, repetindo o trabalho dos
pesquisadores aqui da Terra. Esses esforços poderão resultar na primeira
evidência de vida fora de nosso planeta.
Caso isso não aconteça, podemos
apostar nos astrônomos do Atacama: com ajuda dos super-telescópios instalados
no deserto, esses cientistas podem descobrir evidências concretas da existência
de vida em planetas distantes.
Se isso irá de fato acontecer, só
o tempo dirá. No entanto, não podemos negar que esse deserto chileno está se
revelando uma peça essencial na busca por vida extraterrestre.
Tradução:
Ananda Pieratti