domingo, 24 de julho de 2016

A guerra latente



O jornal Nacional Interest compôs uma lista de países que vão dominar o espaço aéreo mundial até 2030. A lista inclui as principais potências mas há novos países.
Os Estados Unidos, a Rússia e o Reino Unido continuam a manter forças aéreas modernas, numerosas e de fácil deslocamento, vitais para a sua segurança nacional.


Estados Unidos
 © flickr.com/ Gonzalo Alonso
F-35

Em 2030, a Força Aérea dos EUA estará completada com a frota de 187 F-22 Raptors. Nas operações serão usados "Golden Eagles", F-15C com radares  sensores infravermelhos modernizados. A Força Aérea também comprará 1.763 novos caças F-35A Joint Strike para substituir os F-16C e A-10. A USAF também terá parcialmente rejuvenescido a sua frota com 100 navios-tanque KC-46 Pegasus. A produção do bombardeiro B-21 permitirá fornecer cerca de 100 aviões à Força Aérea.

China
 © Foto: US Department of Defense / D. Myles Cullen
Shenyang J-11

A Força Aérea da República Popular da China também está em plena modernização. O número de aeronaves está caindo, mas a sua qualidade, incluindo os caças Su-30, J-11, J-15 e J-10, está aumentando. Essas aeronaves são de "quarta geração +". No entanto, para manter a paridade com os Estados Unidos e outras potências, a China está desenvolvendo  os caças de quinta geração J-20 e J-31, que devem ser um sucesso.

Rússia
 © AP Photo/ Misha Japaridze
Sukhoi PAK FA, conhecido também como T-50

Os dois programas mais importantes para a Força Aérea russa são o do caça PAK-FA e o do bombardeiro estratégico PAK-DA, que podem fazer com que a Rússia venha a ter a segunda força aérea mais poderosa do mundo. Também conhecido como T-50, o PAK-FA deve ser a resposta russa ao F-22 Raptor, o caça norte-americano. A Rússia não pode continuar com os MiG-29, Su-27/30/34 modernizados para sempre. O programa PAK-DA, projetado para produzir um bombardeiro estratégico furtivo (stealth), subsônico, com capacidade nuclear, é necessário para substituir os Tu-160 e Tu-22M, que foram desenvolvidos na União Soviética há 30-50 anos atrás.

Israel
 © Sputnik/ Grigoriy Sisoev
Caça americano US F-15 Strike Eagle

Hoje, a Força Aérea de Israel consiste de 58 caças F-15, vinte e cinco caças F-15I, e 312 aviões multi-função F-16. Em 2030, a Força Aérea israelita provavelmente continuará a ser a mais poderosa em toda a região do Oriente Médio.

Em 2030 a frota de F-15 terá extrema necessidade de substituição. Infelizmente não há ainda nenhuma substituição direta para o F-15C, porque a produção dos F-22 Raptor terminou em 2011. Israel será forçado a prolongar a vida útil do seu F-15C ou a recorrer nas suas missões aos F-35 Joint Strike Fighter, pelo menos até que um caça norte-americano de sexta geração fique disponível.


domingo, 17 de julho de 2016

Moore, leis e avanços na computação




O fim da Lei de Moore pode ser uma coisa boa para nós
Escrito por Allasdair Allan
13 July 2016 // 03:31 PM CET





8 bytes de dados em comparação com 8 gigabytes de dados. Crédito: Daniel Sancho/Flickr


Nossa sociedade se acostumou tanto com o fato de que a cada ano a tecnologia fica mais rápida e um pouquinho mais barata que transformamos essa tendência em lei. No entanto, os grandes fabricantes cohicham pelos bastidores que a Lei de Moore — que em teoria acabará em dez anos — não está mais em vias de morrer, mas sim praticamente enterrada. Na verdade, a indústria já começou a divulgar essa informação, ainda que cuidadosamente, para o público. Embora não temos expectativa de que a computação se tornará mais rápida, isso não terá tanta importância quanto hoje imaginamos. Em outras palavras, chegamos ao ponto em que nosso poder de computação já é "grande o suficiente".

Do ponto de vista tecnológico, os últimos cinquenta anos foram excepcionais. Deu a muitos de nós uma falsa impressão acerca do funcionamento do mundo: a de progresso dinâmico e infindável. Grande parte da história humana é estática; todo progresso é lento. Ao contrário do que acontece atualmente, durante a maior parte da história nossos filhos cresceriam com tecnologias muito semelhantes às ferramentas de nossa própria infância.

A última geração de chips não é muito melhor do que a anterior, e o ritmo do avanço tecnológico está diminuindo drasticamente. No que diz respeito à computação, é possível afirmar que estamos nos aproximando de uma base tecnológica madura. É possível que nossos filhos cresçam com computadores não muito mais rápidos do que os que usamos hoje — mas isso não significa que a computação deixará dei passar por mudanças.

Como muitos dos avanços tecnológicos do último século, a indústria da informática nasceu e cresceu à sombra da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Tal como os baby boomers, o smartphone é um filho crescido dos anos pós-guerra. Entretanto, Chris Anderson, co-fundador e CEO da 3DR, defendeu recentemente que muitas das ferramentas e tecnologias das quais usufruímos hoje são um resultado pacífico de outra guerra — a guerra dos smartphones. Em suas palavras, "quando gigantes guerreiam, todos saem ganhando".

Quando olhamos ao redor, esse dividendo tecnológico se torna muito óbvio. Ferramentas como acelerômetros, giroscópios e até mesmo câmeras são, hoje, ridiculamente baratas e acessíveis. A onipresença do processador ARM, utilizado em praticamente todos os smartphones, tem diminuído drasticamente o preço de toda sorte de tecnologia.

Computação competente pode ser comprada com apenas alguns dólares. Transceptores e receptores com wi-fi nativo podem ser comprados por menos de dois dólares, enquanto um computador de placa única pode ser comprado por alguns dólares a mais. Cinquenta anos após a criação da Lei de Moore, estamos chegando em um nível em que a computação não é apenas barata — ela é, para todos os efeitos, gratuita.

Conforme a tecnologia evolui, ela tende a se tornar mais barata e acessível. Embora não tenhamos expectativa de que a computação se tornará mais rápida, isso não terá tanta importância quanto imaginamos. É provável que vejamos, nas próximas décadas, o surgimento de uma computação de propósito geral, com sensores e redes sem fio instaladas em drones milimétricos que flutuarão nas correntes de ar que nos cercam. A poeira ao nosso redor se tornará inteligente, mas não necessariamente mais rápida.

A beleza de uma base tecnológica madura é que nós poderemos finalmente fazer um balanço das inovações criadas nos últimos cinquenta anos e aprender a usá-las com sabedoria. A beleza da computação competente – boa e barata – é que ela pode ser usada de maneiras que a computação especializada não pode. A computação barata e competente possibilitará uma séries de usos nunca antes testados. Afinal, se seu computador é barato o suficiente para ser jogado fora, o que poderemos fazer amanhã que não podíamos ontem?

Tradução: Ananda Pieratti
http://motherboard.vice.com/pt_br/read/o-fim-da-lei-de-moore-pode-ser-bom


sábado, 2 de julho de 2016

Teletransporte virtual





Bilionário do Vale do Silício quer que todo mundo tenha um corpinho robótico
Escrito por Mark Mann
30 June 2016 // 09:27 PM CET











“'Aqui' é uma palavra curiosa", diz o discreto bilionário americano Scott Hassan, de 46 anos, o cara que se tornou famoso ao dizer que, no futuro, todos nós teremos uma espécie de avatar-robô para nos comunicar.

"Em breve, quando formos capazes de zapear o mundo em corpos robóticos por meio da internet, 'aqui' já não significará mais aqui. Aqui será qualquer lugar."

O objetivo do americano até parece trivial: unir o ciberespaço ao real por meio do projeto Beam. Ele a projetou como ferramenta para videoconferências para oferecer uma comunicação face a face instantânea — semelhante ao FaceTime ou Skype, só que com a possibilidade de controlar remotamente uma tela com pernas pela sala, com um teclado. As aplicações, porém, aumentaram.

Com o Beam, pessoas com deficiências físicas poderão ter acesso a um corpo rudimentar que permite a locomoção em lugares que antes não conseguiam acessar. (O notório Edward Snowden já usou um Beam em aparições públicas.) Também poderemos nos transportar para a casa de familiares para uma visitinha, atravessando o país num piscar de olhos ou, quem sabe, fazer um bate e volta até Paris ou Hong Kong. Há quem diga que ainda brotarão braços nele, o que tornará o aparelho ainda mais similar ao corpo humano. 

Hassan não confirma os rumores, mas também não nega.

 O Beam, criado pela empresa Suitable Technologies. Créditos: Intel Free Press/Flickr

Recentemente, quando visitei minha família em Halifax, no Canadá, eu me beamtransportei para o escritório de Hassam, em Palo Alto, Califórnia, nos EUA, onde a empresa Suitable Technologies Inc., fabricante do Beam, está situada. Ele estava esperando por mim, observando atentamente a câmera do meu Beam. Hassam vive alerta e atento, e passa uma impressão de gênio sobrecarregado de cafeína: apresenta ideias generosas, mas espera, ansioso, que os outros se mantenham sempre a par delas. Ele raramente dá entrevistas, embora seja uma das figuras mais importantes da robótica moderna.

Hassan foi um dos primeiros investidores do Google e leva créditos por contribuir com o código-fonte do site de buscas. Em 2006, depois de uma série de incursões pelo mundo da alta tecnologia, ele dediciu investir em um laboratório próprio de pesquisa em robótica, o Willow Garage.

A equipe do laboratório criou o PR2, um robô humanóide icônico que virou uma plataforma de pesquisa importante para inteligência artificial. Ano passado, o PR2 ganhou manchetes por aprender a cozinhar panquecas lendo uma receita na internet.


Se conseguíssemos nos beamtransportar para o corpo de um PR2, seria fascinante

Apesar de todas essas proezas, Hassan se desiludiu com robôs autônomos: a construção é cara e, embora a inteligência artifical já consiga vencer humanos em partidas de Go e outras façanhas impressionantes, ainda não chega perto de pessoas de verdade. “Computadores são fabulosos, mas não são nada comparados ao cérebro humano”, disse.

Criar um robo capaz de responder rápido e com precisão a instruções de voz e realizar tarefas simples ainda é complicado. Para ilustrar essa verdade, ele me pediu para empurrar um cesto de lixo para baixo da cadeira com o meu Beam, tarefa que só consegui realizar depois de trombar com a cadeira. “Precisaríamos de centenas de doutores em ciência da computação, energia elétrica e engenharia mecânica para construir um sistema capaz de fazer isso”, disse.

“Existem bilhões de pessoas no planeta, então por que não focamos em realizar essas tarefas com a inteligência humana em vez de um sistema artificial?,” perguntou. 

É fácil visualizar aparelhos como o Beam com mais apêndices e sensores, e não só rodinhas e câmera. Isso abriria um leque de possibilidades para trabalhadores além de sassaricar por aí e conversar à distância. Se conseguíssemos nos beamtransportar para o corpo de um PR2, seria fascinante.

 O robô PR2. Créditos: Jiuguang Wang/Flickr

Por ora, as ações que o Beam oferece ainda são rudimentares: locomover-se em um espaço plano, sem muitos obstáculos. A aplicação mais óbvia do aparelho é poder trabalhar de casa: a equipe da loja Beam de Palo Alto é composta por funcionários que se beamtransportam dos quatro cantos dos Estados Unidos. Agentes imobiliários fazem tours, executivos visitam fábricas e pessoas participam de conferências através do Beam, segundo uma matéria da revista Time.

Para pessoas com deficiências, o acesso a um corpo Beam pode ser transformador. Henry Evans, engenheiro e palestrante tetraplégico, usa o Beam como aparelho de auxílio para ir a lugares que antes não conseguia acessar. Hassan espera que a Lei dos Americanos Portadores de Deficiências ainda inclua uma norma que torne o Beam uma ferramenta de acessibilidade obrigatória em prédios públicos, como rampas para cadeiras de rodas.

Outro propósito é o teleturismo. “Queremos colocar todo mundo em lugares legais ao redor do mundo e permitir que caminhem por aí em Beams”, ele me contou. Imagine só ativar um Beam nas pirâmides, em Machu Picchu ou no Taj Mahal do conforto do seu quarto.

Mas ele também acha que, se esse sonho se concretizar, não fará com que as pessoas parem de viajar na vida real. A verdade é que, não importa o quanto melhore, o beamtransporte jamais será tão bom quanto a experiência em primeira mão.

Um dia, quem sabe, poderemos até nos beamtransportar para uma estação espacial em órbita ao redor da Terra. Se “aqui” é qualquer lugar, por que não "lá"?
Tradução: Stephanie Fernandes