sexta-feira, 30 de outubro de 2015

é muita maldade, talvez ele nao aguente o castigo desproporcional



"Mensagem de esperança"
para bloguer saudita 


Ensaf, que fugiu com os três filhos para o Canadá, segura cartaz com o rosto do marido, Raif Badawi, num protesto da Amnistia Internacional
 
  |  EPA/GEORG HOCHMUTH

Raif Badawi foi condenado a pena de prisão e mil chibatadas por insultar o Islão
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, apelou ontem à "libertação imediata" do bloguer saudita Raif Badawi de forma a que este possa receber o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento na cerimónia marcada para 16 de dezembro, em Estrasburgo. O ativista que criou o site Free Saudi Liberals, uma plataforma para o debate político e religioso, foi condenado em 2014 a 10 anos de prisão e mil chibatadas por insultar o Islão numa pena que Schulz considera "um ato de tortura brutal".

A mulher de Badawi, Ensaf Haidar, considera que este prémio é uma "mensagem de esperança e coragem" para o marido. "Espero que este prémio ajude a fazer avançar a causa de Badawi e permita que volte para a sua família", afirmou à AFP em Montreal. Haidar fugiu com os três filhos para o Canadá após receber ameaças de morte.

O anúncio da distinção com o prémio do Parlamento Europeu é conhecido na mesma semana em que a mulher de Badawi revelou que as autoridades sauditas vão voltar a aplicar a pena do marido. Preso em 2012 e condenado no ano passado a mil chibatadas, o bloguer recebeu em janeiro as primeiras 50 num ato público - que foi filmado e partilhado nas redes sociais. As sessões seguintes (a ideia era que ocorressem ao longo de 20 semanas) foram adiadas por decisão médica e pressão internacional.

Mas num comunicado publicado no site da Fundação para a Liberdade Raif Badawi, a mulher do ativista revelou na terça-feira ter recebido informações de uma fonte - a mesma que a avisou de que as primeiras chibatadas seriam administradas no início de janeiro - de que a aplicação da pena continuará atrás dos muros da prisão. "Peço ao Rei Salman para que acabe a provação do meu marido e o perdoe. Também peço que permita que seja deportado para o Canadá para que se possa reunir com a família", lia-se no texto de Haidar.

A presidente da subcomissão de Direitos Humanos no Parlamento Europeu, Elena Valenciano, disse em comunicado esperar que o prémio possa também ajudar "de forma indireta" a família do bloguer. O galardão, que tem o nome do cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov e é entregue desde 1988 a indivíduos ou organizações pelo seu contributo na defesa dos direitos humanos e democracia, inclui um prémio monetário de 50 mil euros. No ano passado, o vencedor tinha sido o médico ginecologista congolês Denis Mukwege, pelo seu trabalho com vítimas de violações.


Reações
"A entrega do Sakharov a Badawi é uma homenagem a todas as pessoas que lutam pela liberdade de expressão no mundo. Toda a gente devia ter o direito à sua opinião e a receber e partilhar informações e ideias sem a interferência das autoridades públicas, independentemente das fronteiras", disse o eurodeputado Antonio Panzeri, da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que nomeou o bloguer saudita para o prémio.

"Este prémio deve enviar um forte sinal à Arábia Saudita de que a liberdade de expressão e pensamento é um direito universal. A Arábia Saudita pode prender o homem e chicoteá-lo, mas vão apenas reforçar entre os seus compatriotas o desejo de liberdade de expressão e debate que representa", disse o líder do Grupo dos Reformistas e Conservadores Europeus, Syed Kamall, que também apoiou Raif Badawi, tal como o Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.

Além do Sakharov, o bloguer já foi também galardoado com o prémio dos Repórteres Sem Fronteiras para a Liberdade de Imprensa e o PEN Pinter pela liberdade de expressão.

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