EUA e
países do Pacífico fecham maior acordo comercial da história
Por CdB
em outubro 5, 2015
Por
Redação, com DW – de Berlim:
Os Estados Unidos e mais 11 países que negociavam a
Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) chegaram a um consenso nesta
segunda-feira, abrindo caminho para o maior acordo de livre-comércio da
história. O pacto visa derrubar barreiras comerciais e estabelecer padrões
comuns para os doze países – EUA, Canadá, México, Austrália, Brunei, Chile,
Japão, Cingapura, Malásia, Nova Zelândia, Peru, e Vietnã.
O presidente americano, Barack Obama, comemorou o fechamento do acordo,
afirmando que “reflete os valores americanos”
A TPP, que englobaria em torno de 40% da economia
mundial, contribuiria para uma reformulação da indústria e influenciaria desde
o preço do queijo até o custo dos tratamentos de câncer. O acordo estabelece
reduções tarifárias para centenas de itens de importação, que vão desde carne
de porco e bovina no Japão até caminhonetes nos Estados Unidos.
A rodada final de negociações em Atlanta, nos EUA,
iniciada na última quarta-feira, esbarrava na questão da duração do monopólio
de fabricantes da próxima geração de drogas biotecnológicas. Estados Unidos e
Austrália negociaram uma solução.
Os EUA defendiam um período de doze anos de
proteção de dados para encorajar as empresas farmacêuticas – como a Pfizer, a
Genentech e a Takeda – a investir nos tratamentos biotecnológicos de alto
custo, como o medicamento Avastin, da Genentech, de combate ao câncer.
A Austrália e a Nova Zelândia, além de organizações
de saúde pública, defendiam que esse prazo deveria ser de cinco anos, para
reduzir os custos aos programas médicos financiados pelos Estados.
Os negociadores chegaram a um acordo que
estabeleceu um prazo entre cinco e oito anos, dentro do qual as empresas
estarão livres da concorrência das versões genéricas, segundo as informações de
pessoas presentes nas negociações a portas fechadas.
Laticínios e automóveis
Nas horas finais das negociações, ainda houve
impasses em relação às medidas de proteção aos produtores de laticínios. A Nova
Zelândia, que abriga o maior exportador de produtos lácteos do mundo, a
Fonterra, queria aumentar o acesso aos mercados americano, canadense e japonês.
Separadamente, os Estados Unidos, o México, o
Canadá e o Japão concordaram com regras de padronização do comércio automotivo,
que especificam o quanto de um veículo deve ser fabricado em países da TPP para
poder se beneficiar das isenções tarifárias.
A TPP estabelece também padronizações mínimas para
temas diversos que vão desde os direitos trabalhistas à proteção ambiental,
além de estabelecer critérios para disputas entre governos e investidores
estrangeiros, sem a necessidade de envolver os tribunais nacionais.
“Zona econômica livre e justa”
O presidente americano, Barack Obama, comemorou o
fechamento do acordo, afirmando que “reflete os valores americanos”, prioriza
os interesses dos trabalhadores e permitirá ao país “exportar mais produtos com
o selo ‘Made in America’ para todo o mundo”.
Entretanto, o acordo ainda precisa da aprovação dos
órgãos legislativos de todos os países envolvidos. Caso seja ratificada pelo
Congresso dos Estados Unidos, a TPP poderá se tornar um dos maiores legados de
Obama, que deixa o cargo no próximo ano.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou
que o tratado é uma “política clarividente para todos os países participantes,
que compartilham os valores e almejam a construção de uma zona econômica livre
e justa”.
A TPP gerou grandes controvérsias em razão das
negociações secretas que formataram o acordo nos últimos cinco anos, e era
vista como ameaça por organizações de trabalhadores de fábricas de automóveis
no México e pelos produtores canadenses de laticínios.
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