Pará dominará a mineração
Produção do Estado
do Norte do país deve ser maior do que a mineira nos próximos anos
O
texto da jornalista Juliana Contijo, publicado em 01/07/2018, no jornal O
Tempo, é o retrato fiel do momento em que passa a mineração no Brasil e no
mundo. AS expectativas dessa ultrapassagem iniciam-se quando a imensa província
mineral de Carajás foi descoberta e sedimenta-se com a inauguração de Canaa dos
Carajas do Complexo Minerador Eliezer Batista como esta bem definido no texto.
Viemos de Minas para cá há mais de vinte e cinco anos e temos assistido,
estudado e analisado o vertiginoso crescimento da mineração no Pará. Atenção,
na selva amazônica, longe de tudo e todos. O porto de Itaqui fica a novecentos quilômetros
daqui, muito mais distante do Espirito Santo ai em Minas. O Pará não esta
ganhando com a mineração, na troca simples de ativos naturais com ativos
financeiros a perda é tremenda. Parauapebas, a cidade com o maior PIB do Brasil
não tem nada, esgoto a céu aberto, muita miséria e desemprego, apesar de ser
moderna e cosmopolita. A saúde em frangalhos, educação largada às moscas e uma
classe politica que é caso de politica. Sem participação popular e sem ousadia
logo também o Pará estará numa situação humanitária preocupante. Vamos ao
texto. (Comentários do autor do blog)
Fonte:O tempo – 01/07/18 – 17h24
(leia na íntegra)
Gigante. A Vale, maior produtora de
minério de ferro do Brasil, pode ampliar a extração no Pará e, com isso, Minas
perderia a liderança
Se, na siderurgia, Minas Gerais está
ficando para trás, o mesmo está prestes a acontecer na mineração, outra grande
força da economia que está, inclusive, no nome do Estado. A liderança no valor
da produção mineral brasileira (PMB, que é a soma de todos os bens minerais
produzidos no país) está ameaçada pelo Pará. Neste ano, até maio, Minas detinha
43,3% dos ganhos financeiros da atividade, enquanto o Pará participava com
40,08%. A diferença entre os dois Estados vem diminuindo nos últimos anos,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Para especialistas
no setor, é questão de tempo para que Minas perca seu histórico primeiro lugar.
No ano passado, as minas do Pará
tiveram recorde de produção de minério de ferro, conforme dados da Secretaria
de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) do Pará.
Foram 169,15 milhões de toneladas, volume 14,2% maior do que em 2016. Cerca de
60% dos ganhos financeiros do setor mineral vêm da extração de minério de
ferro, segundo a gerente de pesquisa e desenvolvimento do Ibram, Cinthia
Rodrigues. “A vantagem de Minas Gerais é sua diversidade de bens minerais. O
Estado tem também ouro e nióbio, que são bem valorizados”, diz.
O consultor de relações
institucionais da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig),
Waldir Salvador, aposta que a produção de minério paraense possa superar a
mineira em menos de um ano. Para ele, a data pode não ser precisa, mas o fato é
certo. “O teor de ferro do minério no Pará é maior. Além disso, existe a
vantagem logística. O Estado está mais próximo de um porto, no Maranhão, e é
mais fácil escoar a produção”, observa.
A
estratégia da Vale também impulsiona o crescimento da extração de minério de
ferro no Pará, segundo o pesquisador da diretoria de estatística e informações
da Fundação João Pinheiro (FJP), Thiago Almeida. Ele explica que a mineradora
decidiu priorizar a produção no sistema Norte, no Pará, e reduzir no sistema
Sul-Sudeste, em Minas. “As minas do Estado são mais antigas e com maior custo
de produção. Logo, é razoável pensar que a produção do Pará possa igualar ou
ultrapassar a de Minas Gerais”, analisa.
Para Almeida, isso só não vai
acontecer se a mineradora decidir mudar essa estratégia. Foi em dezembro de
2016 que a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, inaugurou o
projeto batizado de S11D Eliezer Batista, em homenagem ao ex-presidente da
empresa e pai de Eike Batista, em Canaã dos Carajás, no Pará. Agora, está lá a
maior operação da empresa.
O pesquisador da FJP ressalta que o
desempenho da indústria mineral em Minas também é influenciado pela paralisação
das operações da Samarco – suspensas desde novembro de 2015, após o rompimento
da barragem de Fundão, em Mariana.
O engenheiro de minas Wilson
Trigueiro de Sousa, professor aposentado da Universidade Federal de Ouro Preto,
também não descarta a possibilidade de o Pará superar Minas. “A produção do
Pará é crescente – não apenas de ferro, mas de outros minérios”, observa.
Concentração
Líderes. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), em 2016, 86,9% do valor da produção mineral do país foi proveniente dos
Estados de Minas Gerais e Pará.
Investimentos
do setor terão cortes nos próximos anos
Os investimentos privados no setor
mineral brasileiro devem voltar a crescer. É o que mostra um levantamento do
Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O desembolso das empresas deve
chegar a US$ 19,5 bilhões no período 2018-2022. A estimativa anterior, para o
quinquênio de 2017 a 2021, previa US$ 18 bilhões, o nível mais baixo dos
registros do Ibram. “Como são investimentos de longo prazo, fazemos os cálculos
para períodos de cinco anos”, observa a gerente de pesquisa e desenvolvimento
do Ibram, Cinthia Rodrigues.
Ela explica que em setembro será
feita a revisão dos números projetados para o intervalo de 2018 a 2022. “Nesse
momento, vamos poder analisar o impacto da mudança regulatória nos
investimentos”, analisa.
Essa mudança foi consolidada no
último dia 12 de junho, quando o presidente Michel Temer assinou decretos
alterando o Código de Mineração, que era de 1967. O advogado especialista na
área Raphael Boechat avalia essa atualização como positiva. “Trouxe segurança
jurídica, e isso incentiva investimentos”, analisa.
Conforme dados do Ibram, no período
de 2012 a 2016 o investimento foi de US$ 75 bilhões, praticamente quatro vezes
mais que o esperado entre este ano e 2022. “Era outro momento da economia.
Naquela época, o preço internacional do minério estava em alta, a China estava
comprando, e a economia do Brasil estava aquecida”, explica.
Presença
Fatia
do PIB. O setor de mineração é responsável
por 4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em Minas Gerais, a atividade
está presente em cerca de 400 municípios.
Produção
da Vale recua 4,9% em 2018
A produção de minério de ferro da
Vale no primeiro trimestre deste ano diminuiu 4,9% em relação ao mesmo período
de 2017, nacionalmente. Em Minas Gerais a queda foi ainda maior, 18%. No ano
passado, a companhia teve produção recorde de minério, com 366,5 milhões de
toneladas, uma alta de 5,1% frente a 2016. O resultado foi fruto do desempenho
do S11D, no Pará, conforme relatório da companhia. Também contribuiu para o resultado
o incremento da produção na planta Conceição I, no Sistema Sudeste.
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